A Simbologia do Número 9 Texto de Paulo Emendabili Carvalhosa Alguns anos antes de falecer meu saudoso avô, Galileo Emendabili, autor do projeto do Monumento-Mausoléu dos Heróis de 1932, num dos seus longos "bate-papos", deu-me pormenores curiosos sobre o Monumento cuja mística reside na simbologia, toda ela representada pelo número 9, do 9 de julho, data máxima da Revolução. Nove são os degraus que conduzem à cripta do Monumento; a altura do obelisco da base até o topo é de 72 metros (7 + 2 = 9); e da cripta até o topo a distância é de 81 metros (8+1=9, além do que 81 é o quadrado de 9). Se fizermos a soma aritmética destes valores (72 e 81) teremos (7+2+8+1=18, 1+8=9). Cada face do Monumento está orientada para os 4 pontos cardeais e cada uma delas com suas respectivas esculturas em alto-relevo representa 400 anos da História de São Paulo. A praça, onde emerge o Monumento no Ibirapuera, simboliza um coração, coração na terra, que no seu interior abriga a cripta em forma de cruz grega sustentada por arcos que lembram as tradicionais arcadas da Facultade de Direito do Largo São Francisco, berço do Movimento de 32. Foi por esta razão que o escultor concebeu a iluminação da cripta do Monumento, vinda do chão, como a lembrar a luz dos mortos que vem da terra. São três as portas de bronze que conduzem do exterior do Monumento ao interior da cripta e vale ressaltar que todas elas abrem-se para o exterior, para o mundo, tal como os portais dos cemitérios da Velha Europa, terra natal de meu avô. Bem no centro da cruz localiza-se a estátua em mármore do Soldado Desconhecido que repousa sobre um bloco de mármore maciço, com os nomes inscritos dos quatro primeiros caídos pela Revolução. Este bloco de mármore por sua vez está sobre uma bandeira paulista em preto e vermelho, que obviamente não se vê, e sob ela estão depositados os restos mortais de Miragaia, Martins, Dráusio e Camargo, além de Paulo Virgínio. Vale salientar ainda que a base do obelisco cai a prumo sobre o centro da cruz e, portanto, o soldado em mármore está no centro tanto da cruz como da circunferência traçada imaginariamente pela própria base do obelisco. Segundo Galileo Emendabili, o soldado em mármore vela por seus heróis, por sua Bandeira e pela Constituição, motivo principal da epopéia de 1932. Seu olhar fixa a base do obelisco, que internamente tem a forma de um obus de canhão situado em nível superior. Suas paredes são incrustadas de mosaicos representativos da História de São Paulo e com duas portas de bronze que se abrem de fora para dentro com esculturas que contam a epopéia revolucionária. Estas portas são voltadas, uma para a Avenida 23 de Maio e outra para o Parque Ibirapuera. Galileo Emendabili quis ainda que o obelisco representasse internamente um canhão a ser acionado pelo Herói no caso de violação à Lei Constitucional. Enquanto que externamente representa a lâmina de uma espada que atravessa o coração de São Paulo, acolhendo os filhos mortos em terra paulista por tão nobre causa. |